Zé Ramalho cantava e eu repetia com ele:
Minha
profissão
É suja e
vulgar
Quero um
pagamento
Para me
deitar
E junto
com você
Estrangular
meu riso
Dê-me seu
amor
Que dele
não preciso...
Foi um breve período em minha vida, tinha que comer, podia
ter escolhido recolher papelão da rua, mas minha beleza me permitia ganhar
mais. Perdi a conta de quantos homens apaixonados ofereceram para tirar-me
dessa vida, mas a verdade é que eu não estava nem um pouco interessada.
Em uma sexta feira, uma garota havia sido encontrada morta
no carro de seu ex-namorado, o principal suspeito. Segundo a família o rapaz
não se conformava com o fim do relacionamento. Acontece quase sempre, isso já é
normal de se ver nos noticiários. Mais uma mulher vítima do amor.
Queria eu Deus, se é que você existe, entender o que se
passa com esses homens que tem essa paixão, que os leva a tentar de todos os
modos possuir seu objeto de desejo, mesmo que pra isso tenha que perde-lo
depois.
Não podia. Então vesti meu uniforme, o mais curto possível e
sai para mais uma longa noite de árduo trabalho. Não tinha vocação para o que
fazia mas o fazia mesmo assim.
Passei pelas mãos de tantos homens que perdi a conta, era autônoma,
não queria ninguém regulando meu dinheiro, tudo que ganhasse seria meu. Essa
vida me forneceu uma situação bem confortável por algum tempo, mesmo assim
minha alma não foi salva. Tantas mãos me
tocaram sem eu sentir, tantos me amaram sem nenhum amor. Eu estava morta. Fui
assassinada, sem nem sequer terem a decência de terminar o serviço
Apenas amando ver esse banner aí. Quero ver se consigo acompanhar.
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