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Meus pés não alcançam o chão, sinto-me flutuar como balões soltos ao vento, não me ocorre nada do que se ocasionou anteriormente a isso. Meu pescoço experimenta uma pressão indescritível, noto todos olhando para mim. Gozo desse momento que tanto ansiei em minha vida. Olham-me, notam-me. Ah, quão boa a sensação de ser percebido. Seus olhos me analisando com pavor me dão uma sensação única, mas não entendo o pavor. Minha memória parece voltar aos poucos, lembro-me de uma festa. Sim, eu estava nela, todos dançavam e riam. Em mim os sentimentos entravam em erupção, sentia raiva desse felicidade, inveja, percebo que jamais me sentiria assim. Lembro-me de uma fogueira, talvez festa de São João. Definitivamente era São João. Uma garrafa de álcool oportunamente ao lado da fogueira, lembro-me de ter essa garrafa em mãos. Depois disso apenas fogo, gritos, correria, desespero, agraciando meus olhos que fitava tudo de cima do telhado com o maior deleite. A calmaria vem com as sirenes de água, os salvadores das vidas desprotegidas. Ah e é aí que me notam, pendurado, majestoso, morto, enforcado, admirado, como sempre quis que fosse o fim.

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