Ao compararem as duas adaptações do famoso livro: "Lolita", uma de 1962 e outra de 1997, é comum a preferência pela segunda opção. O motivo? A "sensualidade" explícita da versão mais recente e o puritanismo da personagem de 1962.
Lolita é uma criança, seu puritanismo, como dizem os críticos homens, era para ser algo evidente e lógico não criticável.
Ao contrário da maioria, o filme de 1962 me agrada mais justamente pela inocência da personagem, passando a essência do que é a história do livro, uma criança em situação vulnerável a mercê de um padrasto obcecado, que vê sensualidade até mesmo em uma brincadeira de bambolê. Ao contrário do segundo filme que tenta culpabilizar a vitima, apesar de todas as atitudes de Lolita no filme de 97 serem infantis - como as respostas mal educadas à mãe - o filme mostra Lolita como uma mulher que seduz, provoca e ataca, e faz tudo isso para manipular e conseguir o que quer e o pobrezinho do padrasto não é capaz de resistir, afinal ele é um homem.
Lolita, vale sempre lembrar, não é uma história de amor mas sim de um homem obcecado por uma menina de 12 anos, tentando nos convencer de que é apenas um homem apaixonado. Pois, ora, o narrador é o próprio Humbert Humbert, a história é contada de seu ponto de vista e o assediador sempre verá a vítima como uma sedutora. Lolita não é a única prejudicada, sua mãe também se torna uma vítima nas mãos de Humbert que aceita se casar com a mulher com o intuito de ficar perto da filha (você deve ter visto algo parecido por aí, não? E como em Lolita a filha é intitulada como "vagabunda" enquanto muitos se rendem ao charme do molestador). Uma criança, mesmo que em sua cabeça esteja apaixonada ainda assim é uma criança.
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