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Amélia - Parte I






I - Como nasce um anjo

Eu era um lindo bebê, tudo fora minuciosamente preparado para que assim fosse. Meus pais fornecedores eram altos, loiros, olhos azuis, o verdadeiro estereótipo de beleza, tudo para que eu fosse assim, linda. E fui. Sem falsa modéstia, fui bonita por fora por muito tempo, por dentro nem tanto.
Fui gerada no laboratório, não, não sou um Frank Stein, fui fruto de uma inseminação artificial. No dia 26 de outubro de 1983, na segunda tentativa, uma mulher que eu nem sei o nome, foi ao laboratório a pedido de meus pais não fornecedores e começou o ciclo de minha gestação. Foram sete longos meses de gravidez, até que no dia 30 de maio de 1984 resolvemos nascer, sei o que deve estar pensando, nascemos? Sim, gêmeas, muito normal acontecer em inseminações, mas Beatriz morreu 12 horas depois do parto, eu sobrevivi, sorte minha ou azar. Meus ricos pais Fernando e Pedro, me criaram com muito amor e dinheiro até meus 12 anos de idade, quando uma crise econômica os levou a separação, meu pai Pedro não agüentava viver sem o luxo que era acostumado e foi morar com outro homem bem longe dali, Fernando não agüentou viver sem o amor de seu parceiro, antes de morrer pediu a seu ex-sócio heterossexual e considerado bom amigo para que cuidasse de sua princesa. Depois disso deitou em uma linha de trem e dormiu para nunca mais acordar.
Eu tinha 12 anos quando Marcelo me mandou morar com uma tia sua no interior, ele tinha 30. Marcelo, amigo de meu pai, o homem que mudou minha vida.

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